sábado, 1 de novembro de 2008

Jovem Atual


A participação ativa da juventude nas mudanças sociais é um fenômeno que não pertence
apenas a uma determinada época ou determinado local, mas que é comum a todo o período
histórico em que existe a sociedade.
Não se pode negar que os jovens tiveram papel decisivo em todos os momentos cruciais das grandes transformações e nos momentos que as antecederam e precederam.

A juventude atual não é menos ativa do que qualquer juventude de outros anos, mas a falta de
um direcionamento com mais especificidade tem colaborado para que os jovens permaneçam
perdidos entre tantas informações, sem saber ao que ir contra, diante de tanta coisa errada que
ele encontra a sua frente.

A presença maciça dos meios de comunicação e o nascimento da internet contribuíram para
criar uma teia instantânea de informações em cadeia, fato ainda não absorvido pelo movimento
de juventude e que sofre a falta de uma análise mais aprofundada sobre como lançar mão dessa
nova situação

Conflitos na era da informação

A velocidade com que as informações são repassadas cria uma verdadeira tormenta na cabeça
do jovem. Com tanta informação a ser digerida, ele acaba conhecendo apenas superficialmente
os fatos, sem detalhar nenhum deles. Desta forma, notícias que necessitam de um
aprofundamento para a compreensão na maioria das vezes acabam sendo esmagadas e
suprimidas em meio a confusão que foi criada.
Além deste problema, os jovens entram em dúvida sobre qual fato deve ser priorizado e
discutido amplamente. Afinal, acontece ao mesmo tempo no mundo, um genocídio na Palestina,
uma guerra na Colômbia, um golpe na Venezuela, uma guerra no Afeganistão... Só para citar
alguns exemplos. Esses são eventos do cotidiano de toda a juventude, que acaba sentindo-se
indefesa e impotente diante da vastidão de problemas que a cerca.
Também existe a carência de um discurso mais próximo da realidade em que a juventude se
encontra. O movimento juvenil tem que voltar-se à base. Discursos ideológicos, afastados dessa
realidade, não adicionam muito aos jovens e seu apelo hoje está bastante enfraquecido. Os
líderes da juventude precisam ter contato com os jovens de novo e procurar entender as
preocupações e ansiedades deles para só então traçar uma meta de trabalho e execução.
A juventude só estará motivada o bastante para agir, quando perceber que o problema também
interfere em sua vida pessoal, profissional ou acadêmica.

Organizando a juventude

Deixando a juventude sem rumo, a mesma fica entregue à manipulação da imprensa, largamente
utilizada nos dias atuais para favorecer este ou aquele grupo econômico ou empresarial; à
proliferação de verdadeiras “seitas” que surgem no movimento de juventude, manobrando
jovens menos experientes e com pouca conscientização política através da utopização da
“revolução” e partindo para atos mais radicalizados, desviando a atenção das discussões e
debates sobre a realidade ao redor e sobre meios concretos de modificá-la. Partindo disso e da
desilusão gerada pela frustração da inoperabilidade face a situação a sua frente, a maioria dos
jovens acaba se afastando do ativismo político e do movimento juvenil.
Ao mesmo tempo, o movimento não deve excluir aqueles que optaram por esta ou aquela
corrente ideológica ou política, mas buscar ampliar as discussões e os debates sobre as questões
que atingem a todos, independente de sua opção. O conhecimento de outros pontos de vista e
opiniões divergentes amadurece e fortalece a continuidade do movimento, e dificilmente suas
ações e atitudes serão unanimidade, mas apontarão para uma direção mais precisa.
Organizar a juventude requer uma dedicação intensa de cada um de seus líderes, além de uma
conscientização maior sobre a forma de atuação correta para obter êxito em seu trabalho com os
jovens. Requer uma nova visão do cenário em que ele mesmo, e toda a juventude, são os atores
da ação, do momento. Requer, ainda, o entendimento de que também ele, como líder, é um
“operário em construção” e que sua obra cresce a cada dia, amadurece com a contínua formação
e nunca será plena, já que os debates nunca estarão esgotados.
A compreensão da necessidade da luta conjunta e ampliada trará apenas benefícios aos
movimentos de juventude em geral, que se tornarão mais resistentes aos ataques que lhes forem
dirigidos.

O jovem precisa de uma direção

Nossos representantes também devem ser responsáveis por filtrar e priorizar os motivos porque
a juventude tem que lutar. São eles, através de suas entidades e movimentos, que irão dizer aos
jovens para onde ir, para o que voltar sua atenção. É uma responsabilidade do mais alto grau de
seriedade e, para isso, é preciso que os jovens confiem em sua direção. Essa confiança não será
fruto adquirido através de amizades, mas de dedicação à causa e muito trabalho.
As entidades não devem isolar-se de suas congêneres ou de problemas que assolam a sociedade
em geral. O isolamento conduz à omissão, que só favorece aos que exploram as fraquezas da
população. O compromisso de uma entidade não permite o luxo de isolar-se e omitir-se perante
o que, direta ou indiretamente, também atinge seus associados.
A partir da escolha das prioridades, deve-se centralizar todo o foco de atuação sobre elas, de
modo a unificar o direcionamento e deslocar a atenção da sociedade para os problemas que a
atingem, além da busca incessante de uma ou mais solução para os mesmos.
Paulo Marcelo – estudante da UFPE e membro da UJS

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